Saúde / Hemoglobinopatias
27 de Outubro de 2016 10h45
Profissionais da Saúde discutem os desafios para implementação da rede de atenção as doenças do sangue
Profissionais da Secretaria de Saúde de Cuiabá (SMS), das redes básica, secundária e terciária, participaram esta semana do 1º Encontro Regional da Rede de Atenção as Hemoglobinopatias de Mato Grosso. O encontro organizado pelo Hemocentro Coordenador de Mato Grosso da Secretaria de Saúde do Estado, Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde de Cuiabá foi realizado no Auditório Deputado Milton Figueiredo da Assembleia Legislativa, nos dias 24 e 25.
O evento teve como público alvo gestores, profissionais da saúde, acadêmicos dos últimos anos dos cursos de Biologia, Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, Bioquímica e Medicina, e representantes dos movimentos sociais.
O encontro contou também com dois outros eventos, a I Capacitação da Rede de Atenção da Baixada Cuiabana em Hemoglobinopatias e a I Oficina do Comitê Estadual da Política da Promoção da Equidade e Educação Popular em Saúde.
As hemoglobinopatias são doenças genéticas que afetam a hemoglobina. A doença falciforme é o exemplo mais comum das hemoglobinopatias. Hereditária, a doença falciforme se caracteriza pela alteração das hemácias no sangue, devido à produção da hemoglobina S o que torna as hemácias parecidas com uma foice. Em razão da doença essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia e obstrução vaso-oclusivo.
Quando a doença é descoberta o portador deve ter acompanhamento médico adequado baseado num programa de atenção integral. Os pacientes devem ser acompanhados por toda a vida por uma equipe com profissionais treinados para orientar a família e o doente a descobrir rapidamente os sinais de gravidade da doença, tratar adequadamente as crises e praticar medidas para sua prevenção.
A coordenadora de Programas Especiais da Diretoria de Atenção Básica, Oriana Frutuoso Flumignan, salientou que justamente a integralidade e a implementação da rede de atenção foram alguns dos temas em destaque durante o evento.
Na abertura do encontro Oriana Flumignan destacou o trabalho que vem sendo desenvolvido por Cuiabá visando uma maior cobertura no atendimento a população e o do trabalho integrado. Ela lembrou que em relação às Hemoglobinopatias, Cuiabá vem avançando e o Programa Integral da Saúde da População Negra é um dos norteadores da ação.
Ela explicou que o evento um dos componentes desse Programa, é a capacitação dos profissionais da rede e, o evento possibilitou esse primeira ação além de unir num mesmo espaço, gestores, profissionais e associações de pacientes. “A partir da instrumentalizar dos profissionais e do fortalecimento do Comitê voltado a discussão dessas questões, ação realizada no mês de novembro, quando se comemora a consciência negra é um passo fundamental para pensarmos numa rede de atendimento a esses pacientes”, salientou.
A representante do Ministério da Saúde, Maria Cândida Queiroz, da Coordenação de Sangue e Hemoderivados, setor responsável pela política de atenção integral as pessoas com doença falciforme do governo federal elogiou a iniciativa que considerou bastante válida.
“O importante é avançarmos cada dia um passo. As demandas são muitas principalmente em relação à doença falciforme. Antes estávamos muito voltados à triagem pré-natal. A partir do momento que Estados e municípios começam a organizar essa triagem, aparecem outras demandas, como o cuidado com os adolescentes e as gestantes, por exemplo. Como as necessidades são muitas, quanto mais rápido começamos a trabalhar melhor e a construção coletiva, o trabalho conjunto, é a melhor maneira de fazermos isso”, destacou.
Maria Cândida lembrou que a doença falciforme precisa do apoio das associações, dos centros especializados, dos hemocentros, da gestão, regulação e também da formação dos profissionais e a garantia dos procedimentos, exames e medicações, tanto por parte do governo federal como dos estados e municípios.
“Existe uma necessidade de articulação de todos os entes e de valorização das pessoas e dos profissionais que devem participar de todo o processo além de prepararmos a atenção básica para que possa atender as pessoas de acordo com a necessidade delas”, ressaltou.
Esdras Daniel dos Santo Pereira, diretor do Departamento de Apoio à Gestão Participativa da Secretaria de Apoio a Gestão Estratégica Participativa do Ministério da Saúde, também participou do evento e foi um dos condutores das discussões na Oficina do Comitê Estadual da Política da Promoção da Equidade e Educação Popular em Saúde. Ele destacou a importância da participação população e do controle social nesse processo.
“A participação da comunidade é o pilar que dá a materialidade a todas as políticas do SUS. Tudo que a gente faz no sistema só encontra efetividade quando realmente a população toma prá si a defesa, a participação na construção e formulação, em conjunto com a gestão e trabalhadores, das estratégias para enfrentar as dificuldades e demandas da saúde”.
Para Esdras Pereira, a participação do paciente nas discussões dá visibilidade aos inúmeros elementos que são invisíveis tanto na parte clínica como no cuidado em saúde como na gestão. “Estar junto com o usuário num espaço como este de formação técnica, podemos captar o lado de quem sofre a condição clínica de quem vivencia as dificuldades de acesso. É mais um ponto de sensibilização, não só de formação, para que os técnicos estejam preparados para enfrentar o desafio de implementar o atendimento integral a esses pacientes”.