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O prefeito Mauro Mendes (PSB) pediu nesta quinta-feira (09) à noite, ao deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, seu empenho para que legislações ultrapassadas, que prejudicam o desempenho da economia, sejam revistas. Cunha participou da abertura do 10º Circuito Aprosoja, ao lado de várias autoridades, entre elas o governador Pedro Taques (PDT), o senador José Medeiros (PPS), deputados federais, deputados estaduais, secretários de Estado e do Município, empresários do agronegócio, produtores rurais, e de dirigentes de diversas entidades. O evento, que reuniu cerca de 800 pessoas, marcou o décimo ano de criação da associação que reúne produtores de soja e milho de Mato Grosso. 

“Não podemos continuar sob a égide de algumas legislações que foram feitas nesse País quando grande parte das nossas casas era iluminada por lamparinas, quando o principal veículo era a carroça. Um exemplo disso é a legislação trabalhista, que precisa ser enfrentada, modernizada para o bem da produtividade e do futuro da nossa nação”, disse Mendes.

O prefeito ressaltou a importância do cargo que Eduardo Cunha exerce, que “tem uma enorme responsabilidade na condição de presidente da Câmara”. Mendes disse que o deputado tem demonstrado coragem para enfrentar “temas espinhosos” colocados em pauta, e que sabe que muitas vezes a decisão não está em suas mãos, e sim dos mais de 500 deputados que lá estão. “Então eu gostaria de pedir mais uma vez, coragem, determinação [para enfrentar estas questões]. Foi assim que nós construímos este Mato Grosso que orgulha a todos nós”, discursou o prefeito.

A espera de Eduardo Cunha diretamente de Brasília, após presidir sessão na Câmara, chegou a retardar o início da cerimônia aberta pelo presidente da Aprosoja, Ricardo Tomczyk.  O Circuito Aprosoja vai rodar 9 mil quilômetros até setembro percorrendo as 23 cidades maiores produtoras de soja. Serão realizados nestas cidades 37 eventos envolvendo palestras e discussões técnicas. “O objetivo é planejar os próximos dez anos. Vamos discutir o desafio de produzir mais com poucos recursos. Discutir aqui a macroeconomia e a política brasileira", explicou Tomczyk.

Dinheiro do FEX

A presença do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi importante para que o setor produtivo e autoridades como o prefeito e o governador Pedro Taques, colocassem de forma clara as dificuldades que o Estado vem enfrentando em vários setores.  Taques aproveitou sua fala para pedir de forma clara ajuda ao presidente da Câmara, “um dos homens que tem o poder” na República. De pronto, ele pediu que o presidente ajude Mato Grosso junto ao Ministério da Fazenda para que o Governo Federal pague o dinheiro referente ao FEX (Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações). “A União nos deve 400 milhões de reais. A Conab nos deve quase R$ 900 milhões de reais”, cobrou Pedro Taques.

Com estes recursos, Mato Grosso poderia resolver muitos problemas enfrentados hoje, principalmente na área de logística. Para exemplificar, Taques relatou que Mato Grosso tem 30 mil quilômetros de estradas, dos quais apenas 5 mil quilômetros são de estradas pavimentadas e que o Estado tem alguns gargalos na logística de produção e logística de transporte. “Temos que construir 1.700 pontes, pavimentar 10 mil quilômetros de estradas, resolver o apagão de mão de obra que assola o Estado”.

O governador disse que o Brasil precisa conhecer o que Mato Grosso está fazendo. Em 2013, dos US$ 100 bilhões exportados pelo agronegócio, São Paulo foi responsável por US$ 22 bilhões e, Mato Grosso, que tem apenas 1,6% da população, exportou US$ 16 bilhões. “Podemos produzir até 2024 mais do que o Brasil produz hoje. Já produzimos um quarto do que o Brasil produz, 50 milhões de toneladas de grãos, precisamos que o Brasil conheça o que Mato Grosso está fazendo aqui”, discursou, ressaltando que 60% da área do Estado é preservada.

 “Precisamos de sua ajuda, debater alguns marcos regulatórios. Precisamos de vontade política e vossa excelência tem a vontade política. Mato Grosso ajuda muito o Brasil, agora o Brasil precisa ajudar mais Mato Grosso”, complementou Pedro Taques.

Brasil que dá certo

Cunha, em seu discurso, aproveitou para elogiar Mauro Mendes pela posição adotada em defesa de Mato Grosso. “Quero cumprimentar o prefeito Mauro Mendes. Revelação de capacidade de interlocução, de visão política e de visão de administração”. Eduardo Cunha destacou que é importante não ficar preso ao gabinete em Brasília. “É preciso rodar para conhecer o Brasil que está dando certo, que trabalha. Vivemos uma crise na economia que só não é mais profunda porque isso se deve a vocês”, disse aos produtores rurais.

Ele disse que no pouco tempo em que ocupa o cargo de presidente da Câmara, foram colocadas em discussão muitas pautas polêmicas, como a terceirização da mão de obra - importante para a segurança jurídica para o crescimento do País e que não tira o direito dos trabalhadores – e também a questão da maioridade penal. “É nosso papel facilitar as ações daqueles que trabalham. Se para isso tivermos que tomar medidas em relação à legislação para facilitar, certamente essa é a nossa obrigação. Por que não discutir uma legislação específica para o agronegócio? A tarefa do operador de máquina agrícola não pode ser comparada a do motorista de ônibus ou de caminhão. Não dá para ter a mesma comparação, temos que enfrentar isso”, afirmou.